Abuso sexual. Prevenção em casa e na escola.
Folha de Londrina, Espaço Aberto

Eis uma questão que evitamos falar a respeito e até descuidamos de prevenir: abuso sexual de crianças e adolescentes. Essa postura arredia, da grande maioria dos adultos, deve-se ao fato de que o assunto nos angustia e paralisa. Abuso sexual é toda situação em que uma criança ou adolescente é usado para gratificação sexual de pessoas mais velhas. É, sobretudo, uma violação aos direitos humanos. Numa situação de abuso, as crianças e os adolescentes são sempre vítimas e jamais poderão ser transformados em ré.

Como medidas de prevenção, é necessário ouvir as crianças e adolescentes, observá-los e alertálos; acreditar em suas revelações quando tiverem sido vítimas; conversar abertamente com eles, desde pequenos, dizendo que há pessoas maiores que se aproximam para tocar o corpo de crianças, em suas partes íntimas. É importante ensinar que devem e têm o direito de recusar qualquer invasão sobre o seu corpo feita por pessoas maiores e que, quando isto acontecer, precisam contar aos pais ou a um adulto em quem confiem. Ensinar também que os abusadores fazem chantagem para que guardem silêncio, mas que devem contar mesmo assim. Quando vítima de abuso, a criança nutre, também, sentimento de culpa, pois é possível que sinta prazer, apesar da situação ser constrangedora para ela. Ela precisará de apoio profissional especializado.

Os educadores, nas escolas ou outras instituições educacionais, também precisam tomar todas as medidas de prevenção e proteção, pois, a maior parte das vezes, o abusador é alguém da família, geralmente, o pai ou padrasto. As crianças com baixa auto-estima e as que são discriminadas por alguma razão, são mais propensas a serem vítimas de abuso sexual. Por isso, professores, cuidemos para criar na escola um ambiente de “inclusão” e de amor às crianças que são rejeitadas pelo grupo.

Adultos zelosos precisam “treinar seu olhar” para identificar sinais de abuso. Alguns exemplos desses sinais são: dificuldades para caminhar ou sentar, que podem estar ligadas à dor ou lesão na vagina ou ânus; mudanças extremas de humor; tristeza; regressão a comportamentos infantis; vergonha excessiva; ansiedade generalizada; comportamentos destrutivos; brincadeiras sexuais persistentes com amigos, animais e brinquedos; masturbação compulsiva; não participação nas atividades escolares.

Dispondo de tempo para nossas crianças e criando com elas uma relação de amizade na qual um bom canal de comunicação é mantido aberto, elas terão, mais facilmente, confiança para contar quando algo errado lhes acontecer. Para este texto, consultei o Guia Escolar (2003), da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, de Brasília. Fechando, deixo com vocês o pensamento de Diógenes de Sinope (Séc. IV a.C): “Louvo muito aos que, podendo abusar das crianças, se abstém de fazê-lo”.


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