Afetividade: educar e reeducar-se
Folha de Londrina, Espaço Aberto - 25/12/2005

A afetividade é um processo de interação com outra pessoa, no qual ocorrem trocas positivas, demonstração de bem querer e valorização de si e do outro, de forma incondicional. Trata-se de uma interação mutuamente prazerosa e geradora de bem estar. Tendo como base a comunicação verbal e não-verbal, pode envolver uma variedade de manifestações que vão desde simples toques, gestos amáveis e olhares afetuosos, até o contato físico, como abraços, beijos, carinhos, mais, ou menos, íntimos. A afetividade faz parte da sexualidade, elemento integrante de nossa personalidade que, por sua vez, envolve, também, o prazer, o sexo, o amor, o carinho, o toque, os gestos, o respeito, a alegria de viver e o conjunto das normas culturais relacionadas à prática sexual.

Crianças e adolescentes necessitam aprender a desenvolver a afetividade. Mas, como fazer? Primeiramente, vale lembrar, que ser criado num ambiente onde somos amados e respeitados, tornanos afetivamente maduros para as relações com outras pessoas, pois, sentir-se amado, eleva nossa auto-estima e é o primeiro passo para aprender a amar a si próprio e aos outros. O amor precisa ser manifestado concretamente e uma das formas de fazê-lo é através da satisfação do desejo de contato, de toque, que todo ser humano carrega, desde o nascimento, até a velhice. Gestos, palavras e olhares positivos, assim como o sorriso, são uma extensão do toque, uma forma diferenciada de dizer que nos interessamos pela pessoa.

Um outro elemento assaz importante na educação da afetividade é o aprendizado da expressão de emoções, tais como alegria, prazer, admiração, tristeza, raiva, desapontamento etc. Geralmente, embotamos nossos sentimentos, ao invés de fazermos deles o timoneiro de nossa interação com o outro. Saber elogiar e criticar, assim como saber receber elogios e críticas, são habilidades imprescindíveis.

Também é fundamental a educação dos sentidos, na qual se aprende a desenvolver, por exemplo, a capacidade de ver e ouvir os outros, o que nos torna mais preparados para relações sólidas, tanto de amizade, quanto amorosas. Educar o olhar envolve o prestar atenção às atitudes e ao estado emocional do outro; envolve, ainda, o dom de maravilhar-se com tudo que nos rodeia, das pequenas, às grandes coisas, incluindo, além das pessoas, a natureza. Saber ouvir, juntamente com o saber colocarse no lugar do outro (empatia), são atitudes que possuem um poder incomensurável.

Como o desenvolvimento humano não cessa na fase adulta, podemos estar sempre nos reeducando do ponto de vista da afetividade, o que é importante para sermos bons educadores, já que tudo começa com o exemplo. Quanto à escola, para que tenha êxito na educação de seus alunos, é necessário que não dissocie o aspecto cognitivo do emocional.


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