AIDS: informação só não basta
Folha de Londrina, Sexo e Comportamento - 06/04/2008

No mês passado, pudemos ler uma matéria na Folha, chamando atenção para o aumento do número de Aids entre os jovens abaixo dos 25 anos, atendidos pela saúde pública de São Paulo. Segundo a opinião do médico infectologista, que acompanhou a pesquisa, os jovens sentem-se “super-heróis” diante do HIV. Para ele, “as campanhas (brasileiras) são de boa qualidade quando comparadas a de outros países” e “O Brasil é um dos poucos que investe agressivamente em educação de sexo seguro [...]. Na seqüência da matéria, é defendida a necessidade de “aumentar o acesso à informação de boa qualidade”, e adaptar o programa em desenvolvimento “para a informação chegar aos jovens com maior contundência”. Mas, será esta medida suficiente? Pelo que se vê na prática, a informação, por si só, geralmente, não basta para gerar mudanças de atitudes e fazer com que nossos jovens usem camisinha. O que é preciso, então?

As mudanças de atitudes são alcançadas de maneira mais efetiva via a educação, na qual a informação é apenas um dos elementos importantes. É necessário haver espaço para que os adolescentes e jovens possam pensar, debater, pesquisar, falar sobre suas dúvidas, sentimentos, angústias e emoções, o que se consegue com alternativas didáticas variadas e atividades em grupo. É necessário que se implante a educação sexual nas escolas, desde a Educação Infantil, de forma sistemática, com muitas oportunidades para se pensar sobre todos os temas ligados à sexualidade, como por exemplo, puberdade, gravidez, masturbação, “ficar”, namoro, contracepção e, sobretudo, relações de gênero, visando superar a desigualdade entre homens e mulheres.

Para o êxito da educação sexual, é importante preparar os professores, os quais precisam contar com o interesse e o apoio da direção. Quanto à Aids e outras DST, o caminho é educar conscientizando e, não apavorando. Ao invés de apavorar, é preciso que todos aprendam a se reconhecer como vulneráveis, ou seja, como podendo contaminar-se com o vírus da Aids, caso não se cuide, usando devidamente a camisinha. Para mudanças de comportamento no campo da AIDS, especialmente, temos que desenvolver com os educandos um trabalho de solidariedade para com os portadores do vírus, eliminando os preconceitos em relação a essas pessoas.


VOLTAR