Auto-erotismo: orientação para educadores
Folha de Londrina, Sexo e Comportamento - 31/07/2008

Alguns pais preocupam-se quando vêem seus filhos pequenos masturbando-se e ficam sem saber o que fazer. Em primeiro lugar, é natural que todos se toquem em seus genitais e descubram que isto dá prazer e que é bom. É um exercício que contribui para o êxito da vida sexual adulta. Não é necessário desviar a atenção da criança para alguma outra atividade, a menos que haja outras pessoas no ambiente. Em qualquer faixa etária, o auto-erotismo, antes denominado de masturbação, é comum e dá prazer, o que é válido, também, para bebês e idosos. Os adultos devem evitar a repreensão, pois do contrário, a criança continuará a se masturbar, de forma escondida, porém, com sentimento de culpa, o que é prejudicial para o desenvolvimento sexual.

Ter direito à educação sexual não é apenas receber informações sobre o corpo e a sexualidade, mas também ter direito a se tocar, a sentir prazer e a conhecer seu corpo. Quando se conversa sobre esse assunto com os filhos, ou com os alunos, é uma ótima oportunidade para falar, também, sobre o abuso sexual. No caso, dizemos à criança que ela deve tomar cuidado para não deixar nenhuma pessoa grande tocar em seu pênis, ou em sua vulva e que, se isso acontecer, precisa contar o acontecido, logo em seguida, para a mãe ou o pai. É bom dizer que seu corpo deve ser cuidado e protegido. Contudo, é necessário estarmos atentos para o fato de que quando crianças da mesma idade, ou de idades próximas, tocam-se mutuamente, sem coerção – o que é denominado de “jogos sexuais” – isto não necessita ser visto como problemático; pelo contrário, faz parte das experiências e descobertas positivas, ainda que as crianças sejam do mesmo sexo.

Em sala de aula, se os professores observam algum aluno ou aluna praticando o autoerotismo, é útil explicar que isto se faz apenas em ambiente privado. Não é recomendado chamar os pais para “denunciar”. A própria educadora conversa com o/a aluno/a e esclarece a respeito da importância da privacidade, procurando não passar a idéia de algo reprovável ou proibido. Contudo, se o/a aluno/a repete o ato por mais vezes, mesmo após a orientação da professora, esta pode conversar, particularmente, com ele/a, pois pode haver irritação nos genitais, devido, às vezes, à falta de higiene adequada. Neste caso, a professora fala com a criança sobre a necessidade de chamar sua mãe e pedir que ela a leve ao médico. O auto-erotismo é também um tema para ser debatido na sala de aula e os professores dão uma significativa contribuição ao ajudar a desfazer os mitos que o cercam.

Mito: Quando a criança realiza o auto-erotismo é sinal de que necessita de ser encaminhada ao psicólogo, pois deve estar com algum problema.

Verdade: Quando a criança realiza o auto-erotismo é sinal de que percebe seu corpo e tem sensibilidade ao prazer; na maioria das vezes, necessita, apenas, ser orientada para a prática na privacidade.


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