Iniciação sexual precoce
Folha de Londrina, Espaço Aberto - 14/08/2005

Complementando a matéria publicada no domingo dia 08, gostaria de acrescentar algumas reflexões. Creio que não há como não indignar-se diante de depoimentos de adolescentes que se iniciaram sexualmente entre os 10 e 14 anos. Este é um problema preocupante, que pode trazer sérias repercussões, não apenas a eles, particularmente, mas à dinâmica da vida social. Não caberia aqui discuti-las.

O ponto que quero chamar a atenção é: precisamos tomar atitudes urgentes, para que a iniciação sexual se dê mais tarde. Em casa, por meio do diálogo, que deve abranger mais o ouvir que o falar. Na escola, ou em outros ambientes educacionais, por meio de oportunidades para refletir muito sobre a questão. O caminho não pode ser o de ditar regras, dizendo não faça ou faça apenas a partir de tal idade. Temos que ir muito além do ensino dos conteúdos básicos da Fisiologia e Biologia; isto cansa e desmotiva os alunos. Temos que levá-los a pensar sobre o namoro, a iniciação sexual, a gravidez precoce etc.

Os professores podem contar com muitas estratégias, como por exemplo: dramatização, debate de filmes, dinâmicas de grupo e leitura (acompanhada de discussão com os colegas, em sala) sobre obras de literatura e notícias de jornal que tenham relação com o mundo deles e com as problemáticas da adolescência. Se for lhes dada as chances para pensar, muitos perceberão, por si próprios, que a escolha exige responsabilidade.

Nessa forma de fazer Educação Sexual, que deve ser agravável e não amedrontadora, os alunos terão espaço para expressarem os seus sentimentos, angústias e dúvidas e é isto, muito mais que as informações, que vai assegurar que amadureçam para serem capazes de tomar decisões com autonomia. Temos que ajudá-los a entender que quando são estimulados para fazerem sexo pelo sexo, e eles obedientemente seguem, não estão agindo com liberdade. Precisam descobrir que podem se auto-governar.

Paralelo a tudo isto, precisamos assegurar às crianças, adolescentes e jovens, oportunidades de realização pessoal, seja através do estudo, do desenvolvimento de habilidades sociais, intelectuais, artísticas e esportivas, como meio de elevar a auto-estima e a alegria de viver. Não penso nestes investimentos como forma de desviar ou reprimir o desejo sexual. Acho que a sexualidade e o prazer sexual devem ser vividos, mas pode ser de outras formas, como abraços, beijos, masturbação, carícias íntimas, seja no “ficar” ou namorar, sem que necessariamente se pratique a relação sexual, pelos menos, quiçá, até os 16, ou 17 anos, ou...

Sobretudo, precisamos assegurar formação ética (justiça, respeito, amor, igualdade...) pois ela é o alicerce maior da formação da personalidade e da capacidade de tomada de decisões.


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