Masturbação
Jornal Paranaense de Sexualidade Humana, Ano 05 - 2010 - Volume 07 - CIESMA - Maringá

Masturbação ou auto-erotismo é o nome dado ao ato de tocar seus genitais, a fim de obter prazer. É realizado com as mãos e também com o  uso de alguns objetos, como travesseiro ou almofada. Refere-se, ainda, à prática entre duas pessoas, cada uma tocando, acariciando, o órgão genital da outra.

A forma de encarar a masturbação foi mudando ao longo da história. No século XIX e início do XX, ela era fortemente reprimida, pois costumava-se dizer que levava ao emagrecimento acentuado ou à loucura, que fazia nascer pêlos nas mãos e assim por diante. Numa segunda fase, compreendendo-se que tudo não passava de mitos, passou-se a uma repressão mais suave, na qual os adultos mostravam desaprovação e impediam que o ato fosse praticado, dizendo que não se podia fazer porque é feio ou errado, ou, muitas vezes, porque é pecado. Depois, veio a fase da liberação, na qual os adultos eram orientados a fingir que nada tinham visto e a deixar a criança ou o/a adolescente masturbar-se livremente, esclarecendo sobre a importância da privacidade. Contudo, alguns mitos ainda persistem: o de que o excesso da masturbação pode ser prejudicial, o de que ela vicia e pode prejudicar a vida sexual adulta, ou até de que ela provoca a perda da sensibilidade do órgão genital.

Alguns pais preocupam-se quando vêem seus filhos pequenos masturbando-se e ficam sem saber o que fazer. Em primeiro lugar, é natural que todos se toquem em seus genitais e descubram que isto dá prazer e que é bom. É um exercício que contribui para o êxito da vida sexual adulta. Não é necessário desviar a atenção da criança para alguma outra atividade, a menos que haja outras pessoas no ambiente. Os adultos devem evitar a repreensão, pois do contrário, a criança continuará a se masturbar, de forma escondida, porém, com sentimento de culpa, o que é prejudicial para seu desenvolvimento sexual.

Ter direito à educação sexual não é apenas receber informações sobre o corpo e  a  sexualidade, mas também ter direito a se tocar, a sentir prazer e a conhecer seu corpo. Quando se conversa sobre esse assunto com os filhos, ou com os alunos, é uma ótima oportunidade para falar, também, sobre o abuso sexual. No caso, dizemos à criança que ela deve tomar cuidado para não deixar nenhuma pessoa grande tocar em órgão genital e que, se isso acontecer, precisa contar o acontecido, logo em seguida, para a mãe, o pai, ou alguém de sua confiança. É bom dizer que seu corpo deve ser cuidado e protegido. Contudo, é necessário estarmos atentos para o fato de que quando crianças da mesma idade, ou de idades próximas, tocam-se mutuamente, sem coerção –  o que é denominado de “jogos sexuais” – isto não necessita ser visto como problemático; pelo contrário, faz parte das experiências e descobertas positivas, ainda que as crianças sejam do mesmo sexo.

  Em sala de aula, se os professores observam algum aluno ou aluna praticando a masturbação, é útil  explicar que isto se faz apenas em ambiente privado. Não é recomendado chamar os pais para “denunciar”. A própria educadora conversa com o/a aluno/a, procurando não passar a idéia de algo reprovável ou proibido.  Contudo, se o/a aluno/a repete o ato por mais vezes, mesmo após a orientação da professora, esta  pode conversar, particularmente, com ele/a, pois  pode haver irritação nos genitais, devido, às vezes, à falta de higiene adequada. Neste caso, a professora fala com a criança sobre a necessidade de chamar sua mãe e pedir que ela a leve  ao médico. A masturbação é um tema para ser debatido e isto pode ajudar a desfazer os mitos e tabus que o cercam.


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