Professores: bons ou maus modelos?
Folha de Londrina, Espaço Aberto - 24/09/2006Numa matéria do dia 13 de setembro, uma notícia feriu a imagem de nossa UEL: as faltas sem justificativas e os atrasos de alguns professores da instituição. Não estou aqui para desmentir, porque realmente acontece e todos sabemos que, em qualquer profissão, há os muito dedicados, os medianos e os poucos dedicados. Fico feliz porque, até onde posso acompanhar, vejo que, apesar da pequena valorização profissional e da perda significativa de doutores que vem acontecendo devido ao baixo salário, somos, a maioria, do primeiro grupo.
Embora sejam poucos professores, suponho, com postura desrespeitosa como a denunciada na matéria, perguntaríamo-nos: Isto poderia influir negativamente na formação dos futuros profissionais? Penso que sim, principalmente se a base formativa do aluno for frágil, carente de uma educação sólida e de valores na família e na escola que antecedeu sua entrada na universidade.
Venho observando, como professora da UEL, o “outro lado da moeda”: o aumento do número de alunos que faltam e que se atrasam para as aulas, afetando seu aprendizado e o andamento do trabalho da classe como um todo. Qualquer feriado, por pequeno que seja, é sempre motivo para irem embora e perder outros dias de aulas, desnecessariamente. Também, já observei turmas acomodadas quando têm professores faltosos ou descumpridores do horário; nada fazem; parecem achar que estão lucrando com isto.
Por que isto vem acontecendo? Onde chegaremos? O que se pode crer é que a bagagem formativa final, do aluno, certamente, ficará reduzida. Considero a questão da pontualidade e da assiduidade uma questão de respeito, de ambas as partes. São atitudes que se aprende e se constrói, desde a infância.
Não acredito, e nunca acreditarei, em professores, nem tampouco, em alunos, mornos, ou seja, que não se envolvem com paixão naquilo que fazem; dificilmente sentirão o prazer do trabalho bem feito, do crescimento pessoal e profissional. Gosto muito de pensar com Fernando Pessoa que diz: “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes [...].”
Em qualquer universidade, seja ela pública, ou particular, o aluno terá possibilidade de depararse com bons e maus modelos de professores/as; caberá a ele escolher quais seguir. Quanto aos professores, mais do que ter uma postura de respeito para com o aluno, é imprescindível que sejam, sobretudo, modelo de dedicação e de comprometimento com a felicidade das pessoas e com o bem estar e o progresso de nosso país.
VOLTAR