Só depois de casar?
Folha de Londrina, Espaço Aberto

A Folha da Sexta trouxe depoimento de cinco rapazes que optaram por esperar a vida de casado para transar. É muito importante, a liberdade de poder tomar decisões e de fazer suas escolhas, com responsabilidade. Onde estaria a verdadeira liberdade? No conjunto dos jovens que seguem as normas morais atuais que dizem que podem transar à vontade, mesmo sem casar, ou no conjunto dos jovens que, seguindo normas religiosas, decidem transar só depois de casado? Eu diria que a liberdade pode não estar nem em um, nem em outro. O jovem que segue uma norma, seja a que manda fazer ou a que proíbe fazer, sem estar consciente do porque adotou tal postura e sem entender de onde vêm e como surgiram as normas, está agindo como um oprimido.

Na Religião na católica, assim como na protestante, há duas posições diversas, no tocante às questões sexuais. Uma delas é a postura tradicional, conservadora, na qual se considera o sexo antes do casamento um pecado. Nesta situação, os católicos pautam-se nas normas oficiais regidas pelo Papa e os protestantes, nas mensagens bíblicas. A outra posição é a liberadora, que procura levar em conta o contexto histórico atual, e orienta os fiéis para que sejam sujeitos de sua sexualidade, com liberdade e responsabilidade. Neste caso, o cristão é quem deve decidir pelo que considera certo, ou errado, guiando-se, não por normas impostas, mas, pelos valores morais cristãos fundamentais, que são: o amor, o respeito mútuo, a igualdade e a justiça. Então, no caso de fazer, ou não, sexo antes do casamento, o jovem perguntar-se-ia: “se eu transar agora, em que estaria ferindo os princípios cristãos?” Se ele achar que fere algum deles, tem o direito de decidir por não fazer e, ao contrário, se considerar que nenhum deles será comprometido, tem o direito de decidir pelo sim.

“Sexo é um modo de as pessoas se encontrarem e fazerem deste encontro um momento muito agradável e prazeroso, cheio de atos carinhosos e tornando as pessoas muito íntimas e ligadas entre si.” Usar o discurso de que “só pode depois de casado”, leva a dois tipos de reações: a) o jovem deixa de transar e isso o priva de oportunidades de encontrar-se prazerosamente com a pessoa que ama e de poder aprofundar sua intimidade; b) ou o jovem transa, transgredindo a norma e, se a levava a sério, a experiência vai ser acompanhada de angústia, culpa, arrependimentos e isso pode, muito provavelmente, contribuir para infelicidade e desajustes sexuais.

Se lhe dizem que é pecado, o jovem não vai prevenir-se com responsabilidade, porque prevenir-se significa estar preparando-se para um ato moralmente reprovável; é assumir-se estar sendo uma pessoa moralmente afetada. Os educadores, sejam professores ou religiosos, não têm o direito de dizer o que consideram certo ou errado, mas podem criar oportunidades de reflexão e debate entre os adolescentes, para que pensem e formem sua própria opinião.


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